Uma ovelha não é uma vaca pequena. Vamos desconstruir esse mito entendendo as diferenças entre ovinos e bovinos.
Existe uma uma mentira que foi contada mais de mil vezes e se transformou em verdade, que diz que: Uma ovelha é uma vaca pequena. Mas estamos aqui para tirar a venda dos olhos e acabar com este mito.
A única semelhança entre eles é que são ruminantes, ou seja, são animais que apresentam um sistema digestório adaptado para a digestão de produtos de origem vegetal. Essa comparação entre espécies é perigosa porque características específicas como forma de pastejo e também aquelas características do sistema de produção, são diferentes. Ou seja, a forma de atuar para conseguir os melhores resultados também precisa ser adaptada para cada situação.
Por falar em forma de pastejo, os lábios dos bovinos possuem movimentos limitados e assim sendo a língua é o principal órgão preênsil destes animais, realizando pastejos mais altos (camada superior das plantas). Já os ovinos, possuem os lábios móveis, realizam pastejo bastante seletivo e rente ao solo.
Entender estas particularidades faz com que a tomada de decisão em diversas áreas da produção de ovinos seja mais assertiva. Neste caso de pastejo, podemos agir de maneira efetiva no:
Outro ponto a ser comparado é a resistência deles em situações climáticas extremas. Na maioria dos casos, os ovinos não suportam por muito tempo se não tiverem instalações para se abrigar de frio e chuva. E ao olharmos para o gado, estes são capazes de sobreviver à períodos intensos de chuva e frio, sem vir a óbito. Ou seja, os ovinos demandam mais atenção quanto às instalações e exposição á situações extremas.
Como exemplo prático, uma vaca magra resiste por meses à restrição alimentar e a ovelha não suporta mais do que alguns dias, isso porque a verminose está pronta para atacar o animal debilitado.
A mensagem de hoje é que devemos respeitar e entender as diferenças entre as espécies para alcançar resultados produtivos satisfatórios. Tem uma frase boa para este cenário:
“Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.
Walter Barelli
Mas o fato é que “Não existe receita de bolo na ovinocultura!”
A ovinocultura no Brasil é desafiadora porque temos cenários ambientais e climáticos completamente diferentes em cada região. Como exemplo, existem determinadas raças que se desenvolvem melhor em ambientes mais frios e outras que suportam períodos de seca um pouco maior.
Sempre na busca do menor custo de produção, o uso eficiente da pastagem é o carro chefe para diminuir gastos com suplementação nutricional no cocho. Porém, em certas regiões do país a produção de pasto é muito desafiadora e talvez o custo de implementação e manutenção tão alto, que a melhor opção seja a suplementação.
Na busca do maior lucro, produtores da região sudeste do país se perguntam: Por que o gado de corte ganha peso no capim brachiaria e os cordeiros não?
Outro ponto é que o gado suporta o período da seca, muitas vezes perdendo peso, e depois tem o ganho compensatório no período das águas. Realidade que não se aplica na produção de cordeiros por se tratar de ciclo curto (rápido) e também pela mortalidade que tende a ser alta para este desafio.
No caso, o gado da raça Nelore é selecionado para maior desempenho neste tipo de capim e os ovinos somente apresentam ganhos satisfatórios (para que o cordeiro consiga atingir o peso exigido pelo mercado, dentro da idade correta) quando expostos a forragens de alto valor nutricional e que, consequentemente, exigem maior fertilidade do solo e manejos específicos. Assim a implementação da variedade forrageira pode se tornar inviável.
O mesmo raciocínio se aplica para ovelhas em terço final de gestação e recém paridas, onde a exigência nutricional aumenta muito e apenas o fornecimento de uma pastagem com valor nutricional reduzido (baixa digestibilidade e baixo teor de PB, por exemplo) não suprem a demanda de nutrientes do animal.
Portanto, é preciso entender qual o potencial forrageiro da região onde foi ou será estabelecida a criação de ovinos para elaborar um planejamento nutricional que consiga expressar ao máximo o potencial produtivo dos animais dentro das diferentes fases do ciclo de produção.
PS: Sem copiar a receita do vizinho produtor de gado de corte hein!! (risos)
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