A ovinocultura tem seus fascínios particulares e um deles é o desafio de ter que trabalhar com todas as fases do ciclo de produção, para produtores que criam ovinos para corte a fase de confinamento de cordeiros é crucial para a padronização da carne.
Acontece que cada produtor desenvolveu sua criação de acordo com à sua realidade, e com isso passou a produzir cordeiros apenas em épocas específicas do ano, animais com diferentes idades, peso e raça. A falta de padrão e previsibilidade faz com que o mercado encontre dificuldade no padrão e qualidade dos produtos oferecidos, e a falta de padronização se tornou um dos maiores entraves da ovinocultura.
Como todo problema demanda uma solução, os empreendedores da área rural perceberam que se usassem o sistema de confinamento, que é utilizado com os bovinos a mais tempo, seria possível melhorar o padrão do cordeiro produzido e manter frequência de entrega; tornando possível assim, conquistar mercados que possuem grande poder aquisitivo.
Quando o termo ciclo completo é utilizado, está se referindo à produção animal que engloba as fases de cria, recria e engorda. Por isso o ovinocultor precisa ter conhecimento sobre as diferenças existentes entre cada fase de produção, porque assim terá condições de explorar o máximo potencial do plantel, que é o resultado das ótimas condições de bem estar que proporciona ao animal.
Para te ajudar a ser mais eficiente, quero compartilhar com você boas práticas dentro da fase de engorda, para quem trabalha ou pensa em trabalhar com o sistema de confinamento de cordeiros. É chamado de confinamento o modelo de manejo onde os animais dependem 100% da dieta ofertada no cocho e o número de animais por baia é limitado.
Antes de mais nada, é necessário entender que o confinamento tem como foco a padronização da carne, mas, existem outros objetivos a serem alcançados quando se usa o modelo de confinamento de cordeiros na ovinocultura, como por exemplo:
– Melhorar o padrão entre os animais;
– Aumentar o ganho de peso diário;
– Diminuir o tempo dentro do ciclo de produção;
– Entregar cordeiros precoces, que é a maior demanda de mercado;
– Aumentar o preço recebido por animal;
– Melhorar a eficiência nutricional dos cordeiros.
Para garantir o desenvolvimento adequado dos cordeiros o fundamental é ter a nutrição bem ajustada para conseguir atender a exigência nutricional do cordeiro, e não adianta só colocar a dieta no cocho, é preciso fornecer de maneira correta. Ao formular a dieta, o zootecnista considera a proporção de cada alimento na mistura e também um consumo médio. Se a oferta desta dieta não for bem executada, toda a formulação foi por água abaixo e os animais estão consumindo aquilo que conseguem escolher ou o que sobrou no cocho.
Por isso é importante adotar o sistema de dieta completa; nada mais é que o fornecimento da dieta já misturada, dificultando a seleção dos alimentos utilizados. Se acontecer dos animais conseguirem selecionar os insumos, além do desbalanceamento da dieta e baixo desempenho, todo o cálculo do custo da dieta e do confinamento também ficam incorretos. Procure sempre misturar todos os insumos (volumoso + concentrado) antes de fornecer e acompanhe o consumo de acordo com as sobras no cocho.
A análise das sobras de cocho é uma ótima ferramenta a ser utilizada no confinamento porque permite trabalhar sempre com a certeza de que a demanda nutricional daquele dia foi atendida. Para padronizar esta análise e facilitar a comunicação entre os colaboradores, é recomendado utilizar o escore de cocho.
Este escore de cocho possui algumas variações entre as análises, mas ao entender como funciona o raciocínio é possível criar seu próprio padrão e se tornar mais eficiente nesta análise.
Por exemplo, se for trabalhar com escala que varia de 0 até 4:
ESCORE DE COCHO | SITUAÇÃO | AÇÃO |
0 | COCHO SEM SOBRA DE DIETA | AUMENTAR O FORNECIDO EM 15% |
1 | COCHO SOMENTE COM SOBRA DE TALOS | AUMENTAR O FORNECIDO EM 5% |
2 | COCHO COM SOBRA DE DIETA COMPLETA (5% DO FORNECIDO) | MANTER A QUANTIDADE FORNECIDA |
3 | COCHO COM SOBRA DE DIETA COMPLETA (15% DO FORNECIDO) | DIMINUIR O FORNECIDO EM 5% |
4 | COCHO COM SOBRA DE DIETA (MAIOR QUE 15% DO FORNECIDO) | DIMINUIR O FORNECIDO EM 15% |
Além deste ajuste diário de fornecimento da dieta, outro ponto que pode influenciar muito no desempenho dos cordeiros é a distribuição dos animais nas instalações. Quanto menor o intervalo de peso vivo dentro da baia, menor será a chance de ter animais que tenham dificuldade para chegar no cocho devido à diferença de tamanho. Seguindo de exemplo prático, veja um lote com 30 cordeiros confinados e peso vivo variando de 25kg até 42kg.
SITUAÇÃO 1
SITUAÇÃO 2
Ao dividir a instalação em duas partes, a competição entre os animais torna-se menor possibilitando que todos expressem seu potencial produtivo e consequentemente alcançando maior ganho de peso diário.
Além desta divisão, outro ponto a ser trabalhado é a área de cocho disponível por animal (que varia de acordo com a dieta fornecida e tipo de instalação). Os valores ficam entre 30 cm e 50 cm de cocho por animal. Este cocho também precisa ser construído de maneira a evitar que animais subam nele ou consigam colocar a pata dentro.
Importante em todo o ciclo de produção, a disponibilidade de água a vontade com boa qualidade é ainda mais relevante no confinamento, isso porque a escassez dela causa diminuição no consumo da dieta e a falta de manutenção nos bebedouros pode ser fonte de contaminação entre os animais.
Lavar os bebedouros diariamente é importante porque, pelo perfil da dieta, a presença de concentrado na água faz com que ela possa vir a perder qualidade se esta situação se mantiver por muito tempo. Para facilitar este manejo de lavagem diária talvez a utilização de bebedouros menores ajuda na agilidade do processo e também tem importante contribuição na reciclagem da água disponível.
Para estabelecer que determinada prática é considerada favorável ao confinamento é preciso acompanhar os resultados através de coleta e análise de dados. Sem isso, tudo é achismo e provavelmente o prejuízo financeiro está instalado neste processo.
A pesagem dos animais com frequência e em momentos estratégicos é o que vai orientar o produtor nas tomadas de decisão e também a organizar lotes para a venda. Esse controle de peso vai responder perguntas sobre a eficiência da dieta, ajuste do número de animais na baia e oportunidade de negócio.
Pesar os animais apenas na hora da venda é um erro, já que não trará informações relevantes sobre a dieta do animal e a necessidade de ajustes no confinamento dos cordeiros. Ao registrar os pesos, a principal informação que tem para ser analisada é o ganho de peso diário (G.P.D.) que determina o desempenho do animal dentro do intervalo de dias que foi analisado.
O calculo do ganho de peso diário é bem simples, confira abaixa a fórmula para calcular.
A eficiência na análise destes dados é o que vai determinar o sucesso do confinamento de cordeiros, porque a depender do ganho de peso diário será necessário alterar a dieta fornecida aos cordeiros, seja para aumentar o ganho de peso diário ou diminuir esse ganho.
.Através do OvinoPro o ovinocultor tem várias informações em tempo real sobre o desempenho dos animais e assim consegue tomar as melhores decisões, de maneira profissional. Essa análise pode ser feita por lote e individualizada também.
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