A ovinocultura se mostra mais exposta e menos resistente as doenças, quando comparado com os bovinos. Por isso é sempre importante ter enraizada a mentalidade de que a ovelha não é uma vaca pequena.

Sabendo disso, o bom manejo sanitário do rebanho é a forma mais eficiente de prevenção de doenças em ovinos. O monitoramento contínuo e o registro das informações dos ovinos ajudam na identificação de sintomas para buscar soluções mais assertivas para a erradicação da doença. Caso contrário, o plantel estará exposto a uma série de agentes patogênicos, o que pode impactar no seu desempenho produtivo e reprodutivo.

Principais doenças em ovinos:

– Clostridioses – Queratoconjutivite

– Pasteurelose – Ectima contagioso

– Diarréia dos cordeiros – Linfadenite Caseosa

– Podridão dos cascos (foot rot) – Mastite

Principais doenças parasitárias dos ovinos:

– Verminose – Eimeriose (Coccidiose) – Bicheiras e Bernes

Manejo Sanitário para Prevenção de Doenças

O que é manejo sanitário? É o conjunto de medidas que tem como finalidade proporcionar aos animais ótimas condições de saúde.

Quais objetivos do manejo sanitário? Busca-se evitar, eliminar ou reduzir ao máximo a incidência de doenças no rebanho.

O manejo sanitário é fundamental para os resultados econômicos; para qualquer atividade relacionada com animais. Pois, toda a atividade depende do estado de saúde de cada um dos animais que compõem o rebanho.

Deve-se estabelecer um calendário ou cronograma de práticas sanitárias, de acordo com a idade e necessidades dos animais, procurando sempre adequar às regiões onde ficam as propriedades, segundo a possibilidade de ocorrência de determinadas doenças.

Medidas gerais de manejo sanitário:

– Mantenha as instalações, equipamentos, cochos e bebedouros sempre limpos;

– Combater os insetos (moscas) e roedores;

– Quarentena para os novos animais que serão introduzidos na propriedade;

– Evitar superlotação, pois o excesso de animais proporciona privação de alimento, brigas, facilita a transmissão de doenças, umedece as camas, etc.

Acompanhar o plantel e verificar sempre o estado de saúde dos animais. Com a rotina de observação, os responsáveis conseguem entender quando há alterações na qualidade da pele, no olhar, nas fezes, se há corrimentos ou ferimentos nos animais. O comportamento individual, ou do lote como um todo, vai dar indicações do que está acontecendo.

Doenças em Ovinos: Quais São e o Que Causam?

Como dito anteriormente, os ovinos estão mais propensos a incidências de doenças, porém algumas dessas enfermidades são mais comuns enquanto outras geram mais preocupação, por conta da gravidade.

CLOSTRIDIOSES

As clostridioses são um complexo de enfermidades (infecções e intoxicações) causadas por bactérias anaeróbias do gênero Clostridium. As infecções e intoxicações em pequenos ruminantes podem ser classificados de acordo com a sintomatologia dividindo-se em grupos distintos:

  • Neurológicos (botulismo e tétano);
  • Mionecroses (carbúnculo sintomático e gangrena gasosa);
  • Enterotoxemia (depressão e quadros diarréicos).

É de extrema importância o histórico do rebanho com relação a vacinações e sinais clínicos. Devido as características ecológicas destes agentes, que fazem parte da microbiota digestiva dos animais e do solo, e pela sua forma de resistência na natureza, a erradicação dos mesmos é praticamente impossível.

Como realizar a vacinação contra clostridioses?

  • Usar vacinas polivante (previnem até 9 clostridioses);
  • Vacinar todos os cordeiros com 30 dias de idade + dose reforço um mês após a primeira dose;
  • Cordeiros filhos de ovelhas não vacinadas, podem tomar a primeira dose com 15 dias de vida.
  • Revacinar todo o rebanho anualmente;
  • Vacinar as matrizes 4 a 6 semanas antes do parto.

PODRIDÃO DOS CASCOS (FOOT-ROT)

Esta enfermidade é causada pela associação de duas bactérias, o Fusobacterium necrophorum que ataca o epitélio interdigital e o Bacteróides nodosus que penetra pela muralha do casco, deslocando-o e facilitando a penetração de outras contaminações.

A lama e o esterco facilitam a aparição do processo, devido a dois fatores: o amolecimento do casco pela umidade e a proliferação das bactérias pelo meio se tornar anaeróbio no casco. Estas bactérias têm pouco tempo de vida nas pastagens, sendo que a sua sobrevida gira em torno de três semanas. Por isso é importante o isolamento dos animais afetados, porque eles mantêm a contaminação no meio ambiente. O surto pode atingir até 70% do rebanho, os animais enfermos ficam muito debilitados, eles não se alimentam bem devido à dor nos membros.

doenças em ovinos

Tratamento e Prevenção: casquear todos os animais do rebanho que estiverem com o casco grande ou deformado, iniciando pelos animais que já estiverem claudicando, e isolar os mesmos após casquear. Desinfetar os materiais, queimar os resíduos de casco e casquear o resto dos animais repetindo o processo acima. Sempre tirar toda a área contaminada, porque qualquer resíduo que fique o problema retorna. Usar pedilúvio com formol (5 a 10%) ou sulfato de zinco (10%). Passar inicialmente os animais sadios, com uma duração dentro do pedilúvio de 5 minutos, e após os enfermos por 20 minutos. Repetir o tratamento uma vez por semana por três semanas consecutivas e após de 15 em 15 dias por mais quatro vezes.

Os corredores de acesso ao centro de manejo são fundamentais para a disseminação da doença, principalmente em períodos de umidade, por isso se torna necessário novos casqueamentos, para evitar o crescimento excessivo dos cascos, com isto as bactérias não ficarão alojadas nos animais. A vacina nacional não tem demonstrado muita eficácia e a importada auxilia em torno de 50% na prevenção, mas é proibitiva devido ao preço elevado.

CERATOCONJUNTIVITE

É uma doença altamente contagiosa e dependendo do agente patogênico pode levar a graves lesões e até cegueira permanente. Transmitida através de moscas, poeira, pastagens altas e principalmente quando os animais se alimentam em chocos, pelo contato com os enfermos ou ao esfregarem os olhos nos cochos contaminados. Os animais que tiverem com os olhos lacrimejando costumam ter uma marca escura no caminho da secreção e também, quando mais avançada a ceratoconjuntivite, o olho opaco e azulado.

Tratamento: Geralmente colírios à base de cloranfenicol ou tetraciclinas, associados com anti-inflamatórios, resolvem o problema.

doenças em ovinos

Prevenção: Ao comprar animais ou ao retornar de exposições, deixar os animais de quarentena, ao menor sinal da doença tratar todo o lote. Caso a doença já esteja disseminada no plantel, separar os animais afetados, tratá-los por 10 dias.

ECTIMA CONTAGIOSO

Esta doença é viral e atinge animais adultos e jovens, sendo os jovens os mais suscetíveis. Os vírus saem da corrente sanguínea e se alojam no epitélio nasal e bucal; podendo levar os cordeiros novos à morte por causar dificuldade na alimentação e problemas de infecção secundária. 

doenças em ovinos

Nas mães ocorrem feridas graves nos tetos que podem levar a mastites severas, inclusive inutilizando as mamas.

Tratamento: Tratar as feridas com um chumaço de algodão embebido em iodo ou com pomada à base de cloranfenicol e violeta genciana.

Prevenção: Fazer quarentena dos animais comprados ou que participam de exposições e; em caso de um surto na propriedade, isolar os animais doentes e vacinar todo plantel.

LINFADENITE CASEOSA (MAL DO CAROÇO)

A linfadenite caseosa, abscesso ou mal do caroço, afeta ovinos causando necrose dos gânglios linfáticos superficiais. Doença infectocontagiosa, crônica, com distribuição mundial, causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, caracterizada por aumento e formação de abscessos nos linfonodos superficiais, viscerais e nos órgãos, principalmente nos pulmões, no fígado, no baço e nos rins. 

doenças em ovinos

A enfermidade causa relevantes perdas econômicas na produção, ocasionando uma debilidade geral no animal, afetando o ganho de peso, diminuição da produção de carne e leite, desvalorização da pele, transtornos reprodutivos, embargo comercial, condenação de carcaças e vísceras, eutanásia ou morte dos animais severamente afetados e, ainda, custos com medicamentos e mão-de-obra para tratamento dos abscessos.

Após a penetração do microrganismo este pode permanecer em forma latente no corpo do animal, por longos períodos e o aparecimento de abscesso superficial ocorrem, com maior incidência, em animais com mais de um ano de idade.

Tratamento: Drenar o abscesso e queimar o material recolhido. Aplica-se tintura de iodo e repelentes comerciais no local.

Prevenção: Isolar os animais doentes e também pode optar pela vacinação do rebanho.

MASTITE

É uma doença complexa, resultante da interação do animal, ambiente e microrganismos. Ao ser tratado em tempo e eficazmente, o animal se salva, mas o teto afetado vai se desprendendo aos poucos e cai. 

As mastites são classificadas como subclínicas e clínicas. Na forma subclínica não são observadas alterações na glândula, nem no aspecto visual do leite. Aquelas de curso menos agudo podem aparecer de várias formas, como as sub-clínicas ou as que entumecem e empedram os tetos.

A mastite clínica é evidenciada pela manifestação dos sinais cardeais do processo inflamatório (dor, calor, rubor, tumor e perda da função) e alterações no leite como a presença de sangue, pus, grumos, entre outros e, de acordo com a evolução clínica, a mastite pode ser classificada como aguda ou crônica.

Tratamento: Antibioticoterapia de largo espectro de ação.

Prevenção: Higiene das instalações, equipamentos, ordenhador, secagem adequada das ovelhas (desmamar com úbere seco).

Como dito no início deste conteúdo, é importante registrar os acontecimentos sanitários do plantel para que consiga atacar, de maneira eficiente, as causas das doenças que atingem o rebanho. Porque assim é possível executar ações que antecipam e travam determinados gatilhos que podem disseminar a enfermidade nos animais.

Prevenir é melhor do que remediar!

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