estação de monta

Quando termina uma temporada de reprodução na ovinocultura, principalmente quando o produtor trabalha com estação de monta, o que comprova a eficiência dos manejos é o resultado final, que é o número de matrizes prenhas pelo total de ovelhas expostas à monta.

Esse índice influencia diretamente na produtividade do plantel e pode ser frustrante, dependendo das condições em que a estação de monta foi realizada. O índice citado acima é chamado de fertilidade e faz parte do time dos índices zootécnicos que são utilizados na elaboração de um projeto viável de ovinocultura. Temos um conteúdo que fala dos principais índices e é claro que a fertilidade está lá também.

Os bons resultados dependem de diversos fatores e manejos que surgem e devem ser realizados em diferentes momentos do ciclo de produção. Estes ajustes precisam ser feitos no momento certo porque determinadas ações geram resultados a longo prazo, o que torna mais desafiador entender a causa do baixo desempenho durante o período de acasalamento do plantel.

Independentemente do esquema reprodutivo utilizado, seja ele estação de monta com tempo pré-determinado ou monta contínua, o acompanhamento se faz necessário para ser possível interpretar os resultados e encontrar as melhores decisões a fim de se obter resultados cada vez melhores.

Para a organização da temporada de reprodução o ovinocultor pode dividir em duas etapas, a pré-temporada de reprodução e a temporada em execução. Os manejos e análises realizadas nestas etapas são:

  • DETERMINAR O PERÍODO;
  • NÚMERO TOTAL DE MATRIZES;
  • NÚMERO TOTAL DE REPRODUTORES;
  • MANEJO DOS ANIMAIS (PASTO OU CONFINADO);
  • CONDIÇÃO CORPORAL DAS MATRIZES E REPRODUTORES;
  • NUTRIÇÃO (ALIMENTOS ABORTIVOS).

Antes de mais nada, é importante definir, no caso da estação de monta com tempo fixo, qual o período que vai durar a exposição das matrizes ao reprodutor. E no caso da estação de monta contínua, qual o período de descanso do reprodutor. Definir este intervalo não é tão simples quanto parece porque se este intervalo for curto, a relação macho:fêmea pode sofrer alterações.

Tabela 1 – Influência do intervalo no grau de desafio da temporada de reprodução

INTERVALONº MATRIZESNº REPRODUTORESGRAU DE DESAFIO
45 dias1002ALTO
60 dias1002MÉDIO
90 dias1002BAIXO

O exposto na tabela 1 indica que, para a mesma quantidade de animais, o resultado pode ser influenciado pelo intervalo determinado para acasalamento das matrizes e reprodutores.

Ao determinar o período, é importante saber quantas matrizes serão expostas à monta e assim definir o número de reprodutores que devem ser utilizados. Existem alguns números para a relação macho:fêmea que dependem diretamente dos manejos aplicados.

Monta Livre x Monta Controlada

Em condições de monta livre, recomenda-se uma quantidade maior de carneiros para servir o rebanho de ovelhas (relação macho:fêmea de 1:25 ou 1:30). Este tipo de monta aumenta as chances dos reprodutores sofrerem algum tipo de acidente além de desgastá-lo fisicamente, já que têm que realizar o trabalho de identificação das fêmeas em estro em todo o rebanho muitas vezes espalhado em áreas extensas e sob condições climáticas desfavoráveis.

A monta natural controlada pode ser feita de forma ainda mais racional poupando-se o reprodutor de riscos e desgastes desnecessários. Uma das maneiras de racionalizar a monta controlada é utilizando-se a chamada monta controlada noturna. Durante a estação de acasalamento, as ovelhas pernoitam com determinado reprodutor, por aproximadamente doze horas. Durante a noite, período inclusive em que ocorre grande parte das manifestações de cio, as ovelhas são cobertas e essa técnica é comum em sistemas semiextensivos sendo recomendada nesses casos, uma proporção carneiro: ovelha de 1:50.

A monta controlada dirigida é um método ainda mais racional em sistemas intensivos ou semiextensivos. Consiste basicamente em levar as fêmeas detectadas em cio por meio de rufiões (que são machos que não possuem capacidade de fecundar a matriz) até a presença do reprodutor para que seja realizada a cobertura. Nesse sistema é recomendada uma proporção de um carneiro para cada 100 ovelhas ou até mais.

Tabela 2 – Relação macho:fêmea de acordo com o tipo de manejo aplicado

MANEJO – TEMPO COM AS MATRIZESRELAÇÃO MACHO:FÊMEA
REPRODUTOR JUNTO 24h1:25
REPRODUTOR JUNTO EM APENAS UM PERÍODO1:50
REPRODUTOR + RUFIÃO1:100

O sistema de produção precisa ser levado em conta porque, como citado acima, influencia na quantidade de reprodutores envolvidos na temporada de reprodução, além de ser peça fundamental na manutenção da condição corporal dos animais.

Como a Condição Corporal Interfere na Reprodução?

Essa condição corporal fica no topo das variáveis que precisam ser muito bem acompanhadas e entregar bons resultados visto que animais sadios tem maior chance de expressar seu máximo potencial genético. Por isso é importante o produtor preparar o lote para que no início da temporada de reprodução as matrizes e o reprodutores estejam dentro da condição de escore corporal (E.C.C.) determinado como ótimo para o projeto.

Para as fêmeas, o bom E.C.C. ajuda na manutenção do cio, qualidade do cio e aumenta as chances de partos múltiplos. Já para os reprodutores, o suporte vem no aumento de eficiência nas coberturas. E tão importante quanto o E.C.C. no início da temporada de reprodução, é a manutenção dele durante todo o período; principalmente na pós cobertura para garantir que a prenhes seja mantida pela matriz.

Existem casos onde a taxa de cobertura foi alta, porém a fertilidade foi baixa porque a condição corporal das matrizes caiu muito durante a estação de monta e isso causou grande número de casos de reabsorção embrionária, que é quando o organismo entende que não será possível continuar com a gestação e cessa o processo logo no início.

Gráfico 1 – Correlação entre fertilidade (%) e E.C.C. (média)

Seguindo a linha da nutrição, outro ponto de atenção é quanto ao perfil dos alimentos disponíveis que determinam como deve ser o manejo nutricional do lote de matrizes e reprodutores. Realizar a troca da fonte de nutrientes durante e depois do período de acasalamento pode causar graves consequências como o aborto durante os 5 meses de gestação. 

Nas propriedades onde o uso de subprodutos é a uma realidade, o conhecimento é importante para que não sejam escolhidos àqueles que podem causar qualquer tipo de intoxicação que resultem também em abortos. Para os reprodutores, o uso do caroço de algodão, por exemplo, pode levar a infertilidade devido à presença do gossipol. A intoxicação pelo gossipol pode causar esterilidade dos reprodutores, debilidade muscular, edema cardíaco e outros prejuízos econômicos decorrentes da queda do desempenho, a toxicidade pode ocorrer após o período de ingestão, variando de um a três meses. Ou seja, cuidar da alimentação dos animais no pré encarneiramento pode ser definitivo no resultado final da estação de monta.

O planejamento e a gestão deste período de acasalamento precisam ser feitos através do registro das coberturas e analisar com a maior frequência possível para que seja possível realizar ações que revertam o resultado encontrado. As informações coletadas nesta fase do ciclo de produção podem e devem ser utilizadas em períodos posteriores às montas e também serve como fonte histórica para análises comparativas. 

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