pecuária, as tendências da pecuária para os próximos anos,

A necessidade de evolução na pecuária é constante e está cada vez mais presente nos sistemas eficientes de produção. Recentemente, o Centro de Inteligência da Carne Bovina (CICARNE) da Embrapa Gado de Corte, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)publicou as principais megatendências para o futuro, relacionadas à pecuária.

Entende-se por megatendências um conjunto de vetores de transformação fortemente interligados e que deverão impactar a referida cadeia produtiva no futuro.

CONTROLE BIOLÓGICO

A dificuldade no desenvolvimento de novas moléculas efetivas no controle de doenças e parasitos, o avanço biotecnológico voltado à sanidade e necessidade da redução de resíduos na carne, propiciam que dois cenários caminhem em direções opostas porque existe o declínio de produção e utilização de fármacos alopáticos e, por outro lado, o maior avanço na produção de fármacos biológicos.

BIOTECNOLOGIA E O MELHORAMENTO GENÉTICO NA PECUÁRIA

A biotecnologia tem grande poder sobre a sanidade animal e o melhoramento genético porque problemas históricos da atividade serão, se não eliminados, ao menos controlados devido às melhores soluções de manejo para as principais doenças e parasitos; o que facilitarão suas prevenções e seus controles. 

Outra frente importante será a genética que entrega ganhos em termos de resistência animal, produtividade, precocidade e qualidade da carne. Os saltos produtivos e de valor da pecuária serão marcantes para a cadeia toda. 

MUDANÇA NO MODO DE PRODUÇÃO (LAVOURA/PECUÁRIA) 

Os avanços tecnológicos e a integração com lavoura e floresta irão mudar o patamar tecnológico da pecuária de corte. Esse processo de elevação do nível de gestão e de tecnologia irá ceifar diversos pecuaristas menos preparados do sistema produtivo. 

Teremos uma forte redução nas áreas de pastagem e aumento expressivo em área de Integração Lavoura Pecuária e Floresta paralelamente a forte redução nas áreas de pastagem, que serão muito mais produtivas. 

EXIGÊNCIAS INTERNACIONAIS PARA O BEM ESTAR ANIMAL

Alguns pontos ditam mais as regras do jogo do que outros, um dos mais fortes nesse cenário é o bem estar animal. Produzir respeitando o bem-estar animal ao longo de toda a cadeia será mandatório e nenhum elo poderá ficar de fora. 

A expansão digital facilitará o uso da rastreabilidade, que está na mente dos consumidores exigentes. Essa rastreabilidade será primordial para aderência do mercado aos produtos pecuários, em que fatores como bem-estar animal, boas práticas produtivas e sustentabilidade serão temas chave para aceitabilidade do mercado, Já, em contrapartida, eliminarão do mercado aqueles que não se adequarem à nova forma de consumir da população.

DENOMINAÇÃO DE ORIGEM (RASTREABILIDADE)

O fenômeno que já ocorre em produtos mais sofisticados como vinho e queijo chegará cada vez mais forte às carnes. Pecuaristas e frigoríficos irão trabalhar fortemente em termos de diferenciação de cortes e processos produtivos em busca de geração de valor a seus produtos.

A integração do sistema produtivo com acesso digital ajudará muito nesse processo, o que também possibilitará maior transparência de todo o sistema. A carne terá dezenas ou até centenas de denominações de origem, cortes e porcionamentos, para satisfazer consumidores exigentes e em busca de novas experiências gastronômicas.

EXPORTAÇÃO

Falando especificamente da bovinocultura de corte, nos próximos vinte anos o Brasil irá ocupar espaço cada vez mais relevante no mercado de carne e de genética. Os avanços oriundos da introdução de biotecnologias e o amplo esforço de toda a cadeia em termos de produção sustentável, bem-estar animal e qualidade de carne criarão a base para tal crescimento. 

O país se destacará na exportação de genética, de animais vivos para abate, de cortes de carne e de subprodutos, atingindo, tanto mercados emergentes, como sofisticados. Consequentemente, as exportações de carne bovina terão maior expressividade, deixando de representar 20% das vendas de produtos cárneos e podendo atingir um montante maior do total comercializado nesse segmento, mesmo em um cenário de crescimento do consumo interno de carne bovina. (EMBRAPA, 2021)

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

A onda digital irá impactar toda cadeia produtiva e a maior transformação será no processo de distribuição, seja de insumos, animal ou da carne. Parte de intermediários serão ceifados do sistema, substituídos por sistemas inteligentes que agilizem o processo de compra/venda de animais, com muito mais segurança e agilidade.

Nas propriedades, a gestão chegará a outro patamar com muita tecnologia embarcada, o que possibilitará eliminação de gargalos da produção. Ou seja, não terá espaço para aqueles que insistem em caminhar no escuro, sem saber onde está e para onde vai o projeto. Metade dos produtores irão “sumir” por falta de gestão e tecnologia!

FALTA DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA (URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO)

Uma proporção de 84% da população brasileira já é urbana no Brasil. Essa tendência se acentuará. A forte injeção de automação irá reduzir esse impacto e alterará o perfil de pessoas necessárias na atividade. O maior desafio será qualitativo. Os enormes avanços tecnológicos, a maior complexidade do manejo, na busca de saltos produtivos, como a introdução crescente da ILPF, e o foco em gestão, exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária. (Agricultural Research and Innovation on the 2030 Agenda)

A inovação digital será uma das duas maiores forças disruptivas para o mercado nas próximas duas décadas e servirá de força catalisadora no processo de transformação da cadeia, injetando gestão e inteligência na atividade.

Aproximar o elo produtor do consumidor será um dos objetivos da certificação, rastreabilidade e qualidade do produto carne.

Por fim, é bom mencionar que os estudos apresentam alto grau de incerteza, não sendo possível saber o que de fato vai ocorrer.

Tendências podem ser alteradas e diferentes eventos podem surgir e mudar consideravelmente tudo aquilo que foi desenhado. Entretanto, é importante sempre olhar para o futuro com o objetivo de subsidiar decisões no presente. 

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