COMO REDUZIR A MORTALIDADE DE CORDEIROS?

A ovinocultura é desafiadora em vários momentos do ciclo de produção e um dos índices que mais impactam na produtividade é a mortalidade de cordeiros. 

Entender quais são as causas que influenciam a taxa de mortalidade dos cordeiros deve ser prioridade pro ovinocultor porque é a partir daí que as ações executadas se tornam mais eficientes.

Antes de continuar, é importante deixar alinhado que ao falar em cordeiro queremos referenciar os ovinos machos e fêmeas com até 90 dias de idade, que é quando (em média) o desmame é realizado. 

Logo no início da vida, o cordeiro passa por desafios que podem ser amenizados com manejos que antecedem seu nascimento e é realizado diretamente na matriz. Quando a gestação já avançou o centésimo dia, o cordeiro vai crescer 70% do seu peso ao nascimento e este peso é determinado pela genética e, principalmente, pela nutrição da matriz nestes cinquenta dias que antecedem a parição. 

E por quê abordar a nutrição da ovelha gestante neste conteúdo sobre mortalidade de cordeiros?

Quando as exigências nutricionais são atendidas, a ovelha consegue parir um cordeiro mais pesado, ter melhor produção de colostro e produção de leite nas primeiras semanas pós-parto. Tudo isso somado traz um suporte importante para que o cordeiro consiga avançar os primeiros 15 dias de vida porque certamente irá apresentar ganho de peso. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela EMBRAPA Sul, cordeiros nascidos com até 3,0 kg, a sobrevivência não passa de 65%, sendo até de 43% em pesos corporais inferiores. Além do peso ao nascimento, outros fatores influenciam na taxa de mortalidade, como as condições sanitárias do local onde as matrizes realizam o parto e a época do ano (baixas temperaturas).

Manejo Correto de Cordeiros Recém Nascidos

O manejo do recém nascido é outro ponto a ser observado, no que se refere à cura do umbigo, identificação do cordeiro com brinco e caudectomia. Sempre que possível evitar ações que elevem o desafio na sobrevivência ou trazem estresse nos primeiros dias de vida.

Após este período de 15 até 30 dias, que é considerado o mais crítico na sobrevivência dos cordeiros, é importante observar outros fatores:

– dieta fornecida que atenda as exigências nutricionais;

– água limpa e sempre disponível;

– cocho de fácil acesso;

– limpeza das instalações;

– manejo de vacinação em dia;

Quando o cordeiro ultrapassa os 30 dias de vida, sua exigência nutricional é maior do que o leite produzido pela ovelha pode suprir. Por isso é importante ter uma dieta específica para os cordeiros de maneira que tenham acesso a insumos de boa qualidade e que forneçam proteína de qualidade, já que é o nutriente de maior exigência na fase de crescimento.

Água limpa e de qualidade influenciam diretamente no consumo de alimentos, principalmente quando o sistema de produção usa a estratégia da suplementação concentrada. Além disso, bebedouros sujos podem ser fonte de doenças que se espalham entre os animais.

Falar que os cordeiros devem ter fácil acesso ao cocho, parece óbvio, mas tem momentos em que o óbvio precisa ser dito porque existem variações no tamanho dos cordeiros dentro do mesmo lote (dependendo do sistema de produção) e isso pode fazer com que cordeiros maiores dominem o cocho ou então os menores não tenham altura suficiente para alcançar a dieta.

Cuidados Sanitários Para Reduzir a Mortalidade De Cordeiros

A sanidade é primordial em todas as fases do sistema de produção, porém nos cordeiros é mais delicada porque ambientes úmidos e com alta carga de esterco são ideais para a proliferação de doenças como foot root (podridão dos cascos), pneumonia e coccidioses. A coccidiose é a mais letal e desafiadora causa de mortalidade dos cordeiros e, por outro lado, é simples de ser combatida porque depende da estratégia correta na utilização de coccidiostáticos que são utilizados em momentos específicos do ciclo de vida dos cordeiros.

Além disso, temos a clostridiose que causa a morte súbita em cordeiros e é evitada com a rotina de vacinação, que tem diferentes estratégias dependendo do manejo utilizado na propriedade. O mais utilizado é vacinar as matrizes quando estão no terço final de gestação e depois no momento em que os cordeiros atingem 30 dias de idade. Quando a vacinação da matriz não acontece no pré-parto, o cordeiro deve ser vacinado aos 15 dias de idade e repetir a dose 30 dias depois.

Fato é que o rebanho bem nutrido e exposto à boas condições sanitárias tendem a ter o mínimo de mortalidade possível. O importante é que o registro da causa destes óbitos de cordeiros não seja negligenciado porque é a partir dele que o ovinocultor entende qual a causa e possa combater da maneira mais correta e eficiente possível.

Não adianta ter estas informações guardadas no caderno de campo, é preciso interpretá-las!