Quem pretende entrar na ovinocultura, tem como primeiro impulso procurar informações sobre a atividade e isso acaba consumindo conteúdo de diversas fontes, sejam elas confiáveis ou não. Isso pode levar o produtor a acreditar em certas verdades que não condizem tanto assim com a realidade.
Por ainda ser caracterizada como uma cultura secundária ou de subsistência, dependendo do local do Brasil, a ovinocultura acaba sendo negligenciada quanto à necessidade de obter conhecimento de qualidade e que tragam benefícios diretos aos produtores. Além disso o meio rural tem os ensinamentos que são passados de geração em geração e que, com o passar do tempo ficaram desatualizadas e ineficientes.
O objetivo deste conteúdo é falar um pouco sobre estes mitos e verdades que existem na criação de ovinos.
Para iniciar quebrando um dos conceitos que mais atrapalham a ovinocultura, é encarar que a ovelha é uma vaca pequena. Só por este motivo, muita gente tem experiências desagradáveis com os ovinos e criam a percepção (errada) de que a atividade “dá muito trabalho”. A única semelhança entre os ovinos e bovinos é que ambos são ruminantes, fora isso, cada um tem sua particularidade. Como este tema é polêmico e muito importante, temos um conteúdo específico que fala sobre as principais diferenças.
LEIA AQUI O ARTIGO “As Diferenças Entre Ovinos e Bovinos”
Outro mito que está enraizado é sobre o controle de verminose através do uso de vermífugo, porém não pela eficiência do tratamento e sim pela forma que é conduzido. O raciocínio utilizado é que periodicamente a propriedade deve trocar o princípio ativo do vermífugo por outro e assim seguir sucessivamente. O grande erro nesta “verdade” é que assim o produtor está acelerando a seleção dos vermes mais resistentes aos princípios ativos e assim diminuindo a ação deles a cada aplicação.
Conseguir trabalhar com vermifugações estratégicas e baseadas em análises de campo, como a correlação com o grau FAMACHA, fazem com que o mesmo vermífugo seja utilizado com alta eficiência durante um período de tempo muito mais extenso do que quando tem a troca frequente dos princípios ativos. Essa troca precisa ser decidida quando o produto atual já não consegue alcançar a eficiência desejada no controle da verminose.
A frase “a verminose é a enfermidade que mais acomete os ovinos” é uma das mais utilizadas em materiais sobre o assunto e a análise quanto a resistência do plantel aos vermes acabou perdendo um pouco o entendimento de que os vermes são oportunistas, aguardando a resistência do animal diminuir para conseguir se proliferar. Portanto, é importante entender que essa enfermidade (na maioria dos casos) acaba sendo em decorrência da baixa eficiência nutricional do plantel. Os rebanhos que tem condições nutricionais favoráveis ao desenvolvimento deles, tendem a ter menores ocorrências de verminose disseminada no plantel.
É muito importante conseguir manejar os ovinos em diferentes lotes porque assim é possível atender as exigências nutricionais de maneira eficiente, já que as diferenças entre os estados fisiológicos e categorias animal é muito grande. Se a opção for por trabalhar com todas as categorias juntas na mesma instalação com acesso ao mesmo tipo de dieta, temos duas situações acontecendo neste cenário que é a de suprir a demanda nutricional do animal com facilidade e também ter outros com déficit ou restrição alimentar. E, ainda neste cenário, o custo com lote fica alto de qualquer maneira porque seja pelo excesso de dieta fornecida ou baixo desempenho dos animais.
A exposição a umidade também entra na lista das principais recomendações da ovinocultura porque ela sim pode causar grandes prejuízos quando os manejos não são realizados corretamente. É verdade que os ovinos evitam lugares úmidos, porém se a oferta de alimento no local for de qualidade ou se este for o único local onde o rebanho pode ficar, os animais ignoram esta aversão a umidade e se mantém por lá. O importante é trabalhar com prevenção para que os prejuízos causados pela umidade sejam minimizados.
Por falar em característica da instalação, tem o mito de que a melhor a ser utilizada é o aprisco ripado. O aprisco ripado tem sim suas vantagens e aparece como um dos primeiros na lista dos desejados pelos produtores, mas de nada adianta boa instalação se os manejos são precários. Analisar a característica da região também influencia muito ao listar qual é a melhor instalação.
A comercialização dos animais entra como mito porque todos sabem da demanda, porém a maioria reclama da falta de oportunidade para vender. Fato é que o ovinocultor precisa entender qual o perfil do mercado que está perto dele e também quais são as oportunidades de venda que consegue criar ou aproveitar na região em que tem sua atividade estabelecida. Além disso, tem a qualidade, frequência e padronização dos animais produzidos que é um gargalo para compradores. Essa produtividade depende diretamente de planejamento, rotina e profissionalismo.
Seguindo o pensamento do profissionalismo, aquele que encara a atividade como “pode fazer de qualquer jeito” ou “tenho as informações na minha cabeça” dificilmente vai alcançar o sucesso financeiro da ovinocultura porque não há mais espaço para amadorismo na produção animal.
De tudo o que foi falado aqui, a verdade mais verdadeira é que a gestão eficiente, profissional e segura da ovinocultura é o que vai permitir mudar o cenário atual desta atividade que tem grande potencial produtivo. (Acho que também temos um conteúdo relacionado a isto).
Outra verdade é que o OvinoPro está sempre disponível para te ajudar na organização do plantel e trocar as verdade atuais que, só com o acúmulo de dados e ações assertivas, podem ser desmistificados.
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