A criação de ovinos, como oportunidade de negócio, é a produção animal que mais se adapta às diferentes condições de manejo, devido às características existentes nas raças que são utilizadas.
Essa adaptabilidade favoreceu a construção de um cenário atual que é a existência de empreendedores rurais de todas as regiões do Brasil, que viram na criação de ovinos uma oportunidade de gerar renda dentro da propriedade.
Além das raças disponíveis, a possibilidade de trabalhar em diferentes sistemas de criação de ovinos permite que o projeto seja moldado de acordo com a realidade de cada local. E ainda, dentro de cada sistema de produção é possível de fazer ajustes através dos manejos aplicados.
O termo sistema de criação ou sistema de produção é aplicado para indicar, principalmente, quais manejos nutricionais são utilizados na produção de cordeiros para corte. Basicamente estes sistemas variam em extensivo, semiextensivo e intensivo.
Cada um tem suas vantagens e desafios que devem ser levados em consideração antes de definir qual deles será utilizado na propriedade. Fatores como tipo da propriedade, disponibilidade de mão de obra, custo dos insumos, tecnologias aplicadas, velocidade na produção e outros, são pontos chave que definem qual o estilo de produção que melhor se encaixa nas diferentes propriedades.
No esquema de produção denominado extensivo, a principal fonte de alimento dos animais provém das pastagens, onde permanecem o dia todo (ou quase todo) com acesso ao volumoso que tem disponível nos pastos. Este termo pode levar a interpretação de que são grandes propriedades com farta disponibilidade de área para os animais, porém isto não é uma regra.
Os custos e nível de investimento no sistema extensivo tendem a ser menores do que nos outros sistemas porque a produção de alimento via pastagens é uma das mais eficientes para a ovinocultura, já que são seres ruminantes. Porém é importante que o ovinocultor seja eficiente no manejo das pastagens para garantir alimento o ano todo, principalmente no período da seca, e conseguir expressar bom desenvolvimento produtivo do rebanho.
O grande desafio deste sistema é o acompanhamento do plantel já que com os animais sempre a pasto, a rotina de análise individual dos animais é menos frequente e isso pode acarretar em prejuízos, principalmente na época de nascimento dos cordeiros. Outro ponto que deve ser destacado é a capacidade produtiva do plantel que pode ser reduzida pelo tipo de pastagem oferecida ao plantel, que se for de um único tipo, irá causar falta ou excesso de nutrientes, dependendo da categoria e estado fisiológico dos animais.
A escolha da produção extensiva precisa ser baseada também no tipo de produto que o mercado local demanda, ou seja, quais as características que o cordeiro deve ter para ser vendido aos frigoríficos. Os cordeiros são animais muito exigentes, nutricionalmente falando, e isso faz com que o desempenho deles resulte em animais menos precoces e com menor peso vivo.
Quando entramos no sistema semiextensivo, a fonte de alimentos do plantel já é mista, ou seja, é proveniente em parte das pastagens e de alimentos fornecido no cocho. Aqui a dependência das pastagens também existe, porém costuma ser mais destinada às categorias de ovelhas e borregas próximas ao período reprodutivo. A opção por este esquema de produção permite que propriedade com menor disponibilidade de pastagem tenham a capacidade produtiva alavancada porque conseguem manter um maior número de animais por hectare.
Quanto ao investimento em instalações e alimentos, este é maior do que no sistema extensivo porque determinadas categorias tem suas dietas ajustadas através do uso de insumos, como milho, farelo de soja, farelo de trigo e outros. Na questão das instalações é necessário fornecer aos animais condições iguais ou melhores do que se estivessem soltos no pasto e, por estarem estabulados, surgem outras demandas como limpeza e manutenção das instalações e isso aumenta a demanda por mão de obra.
Por outro lado, a análise dos animais se torna menos desafiadora já que diariamente é possível avaliar os lotes, mesmo que seja apenas visualmente e isso possibilita antecipar ações que irão impedir ou amenizar possíveis problemas sanitários.
O desempenho dos animais, principalmente dos cordeiros tende a ser melhor do que no extensivo visto que é possível fornecer dietas específicas para cada momento dentro do ciclo de produção. Isso resulta em cordeiros com maior ganho de peso e menor idade no momento da venda.
Já o sistema intensivo é aquele que demanda o uso de manejos específicos e acompanhamento dos animais em menor intervalo de tempo já que o custo envolvido no intensivo, é maior quando comparado com os outros dois sistemas.
Este aumento no investimento e demanda de controle zootécnico é necessário porque ao usar o sistema intensivo de produção os animais dependem totalmente da dieta fornecida no cocho, onde áreas de pastagem tem mais uma função de disponibilizar bem estar aos animais do que propriamente suprir as demandas nutricionais.
Aqui é muito importante trabalhar com os lotes separados por categorias para que a eficiência nutricional do plantel seja a melhor possível, já que alguns lotes demandam de dietas com alto valor nutricional e outros dietas de baixo custo. Sendo assim dentro do ciclo essa variação entre o preço das dietas faz com que se tenha um preço médio por animal com alta eficiência produtiva.
Fato é que para definir qual o melhor sistema de produção, seja ele extensivo, semi-extensivo ou intensivo, é importante entender:
– Características climáticas da região;
– Capacidade produtiva de pastagem;
– Disponibilidade da área destinada à ovinocultura;
– Quais insumos disponíveis na região;
– Raça que será utilizada no esquema de cruzamentos;
– Características do cordeiro que o mercado local demanda;
– Perfil da mão de obra e;
– Nível de investimento
Não existe melhor ou pior sistema de produção, o que existe é estudar as opções disponíveis e entender qual delas possibilita o retorno financeiro que a ovinocultura entrega.
Além disso, é muito importante ter o projeto em mãos para conseguir acompanhar a evolução do rebanho através dos índices zootécnicos, que devem seguir ou superar os que foram usados para cálculos e projeções.
Apenas um único ponto, seja ele sistema de produção, raça, dieta ou outros, não é o que define o sucesso da ovinocultura, mas sim a capacidade de executar a atividade de maneira profissional para conseguir interpretar os resultados do campo e realizar os ajustes necessários.
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